Casamento Indiano

CASAMENTO INDIANO

Na Índia, o significado do casamento é diferente. Não só os noivos,
mas as famílias também se casam. Segundo o hinduísmo, principal
religião do país, uma pessoa solteira não possui status social. Por
isso, os indianos dão muita importância ao matrimônio e os parentes
estão sempre envolvidos para abençoar a união. Um filho ou filha que
não se case gera uma grande tristeza para a família.

Os casamentos na Índia obedecem a várias tradições, de acordo com a
casta, a região, a cultura e os costumes das mais diversas etnias. No
entanto, as cerimônias são sempre grandiosas e coloridas, podendo
durar vários dias. Ricos e famosos da Índia chegam a convidar mais de
mil pessoas para participar das celebrações. Setembro e março são os
meses preferidos para os casamentos.

Há inúmeros rituais que precedem a cerimônia, todos com intuito de
transmitir boa sorte ao casal. Por exemplo, três dias antes da festa é
realizado o “Grahamuk”. É quando noivos e familiares invocam os deuses
na presença do fogo, rezando para afastar qualquer problema ou perigo
durante as festividades.

Depois, a noiva, suas amigas e familiares mulheres participam do
“Mehendi”, ritual para aplicação de tatuagens de henna nas mãos de
todas. Acredita-se que um desenho bem executado é sinal de sorte e
prosperidade para o casal que está prestes a se unir.

No “Haldi”, a dois dias antes da cerimônia, os noivos recebem massagem
no corpo com a aplicação de uma pasta feita com uma planta conhecida
por suas propriedades hipoalergênicas, antissépticas, analgésicas,
antiinflamatórias e purificadoras do sangue.

Na noite que antecede o casamento acontece o “Wang Nischay”, que
representa o noivado formal. Na ocasião, ambas famílias entoam a
“kuldevta-pujan”, uma oração familiar à deusa que simboliza a
feminilidade. A noiva busca sua benção para um casamento longo e
feliz.

As comemorações do grande dia começam logo pela manhã com o “Ganesh
Puja”, uma invocação do deus-elefante. Ela é feita com o intuito de
remover todos os obstáculos entre os noivos. Ganesh é o símbolo hindu
“Om”, que representa a onipresença do poder divino e sua compaixão.
Sua cabeça de elefante representa a sabedoria, sua presa é a firmeza
espiritual e sua forma humana, amor e compaixão.

Tradicionalmente, um aspecto importante da união indiana é que os
astros, signos e estrelas dos noivos devem combinar. Da mesma forma, o
horário certo para a cerimônia é decidida pelo sacerdote, por meio do
estudo das estrelas. Quando chega a hora, a noiva é levada ao altar
por uma figura feminina de sua família.

Os noivos não podem se olhar durante a cerimônia e são separados por
uma longa cortina ou por um xale de seda. Só após a entoação de alguns
mantras que a chamada “Antarpat” é removida. É quando o pai da noiva
oferece a mão de sua filha e pede que o noivo a trate com igualdade e
companheirismo durante toda a vida.

Ao concordar, o noivo e sua amada brindam a união para seguir os
quatro objetivos da vida humana: “Dharma”, o dever de levar uma vida
na correção; “Artha”, o dever de ter graça e alegria; “Kama”, o dever
de uma vida sensual e “Moksha”, o dever de alcançar a iluminação.

O noivo consagra o compromisso decorando o pescoço da noiva com um
colar de ouro, fechado por três nós. Cada nó simboliza um item da
tríade hindu. Trata-se de “Brahma”, o Criador; “Vishnu”, o Preservador
e “Shiva”, o Destruidor.

Os noivos também costumam passar uma mistura de sementes de cominho e
açúcar, um no rosto do outro. Esta mistura entre o amargo e o doce é
muito especial. Simboliza a promessa de que eles se apoiarão na saúde
e na doença, na felicidade e nos dias difíceis.

No entanto, o momento mais importante de todo o ritual é o Saptapadi.
O casal entoa o texto que é a versão em sânscrito para os sete passos,
que representam a união do casamento. Primeiro, o noivo coloca um
brinco de prata nos dedos do pé da noiva e a garganta é enrolada pelo
sári, o traje da noiva. De mãos dadas, eles rodeiam o fogo sagrado
sete vezes, recitando o juramento:

“Todos os prazeres e a dor, dividirá comigo, seja aonde for, lá
estarei. Dou esse primeiro passo com você. Eu protegerei nossa
família, com nosso amor, que amo com meu coração pleno. Dou esse
segundo passo com você. Lavaremos nossas mentes, limpas da poeira na
água da sabedoria, que conhecemos e confiamos juntos. Dou esse
terceiro passo com você. Aproveitaremos nossa alegria e trabalho,
reduzindo o sofrimento alheio. Dou esse quarto passo com você. Que eu
queira seus desejos e permanecerei sempre fiel. Dou esse quinto passo
com você. Que viveremos com nossos meios e saúde espiritual. Dou esse
sexto passo com você. Que, com esse fogo por testemunha, você estará
comigo até a morte. Dou esse sétimo passo com você.”

Enquanto no casamento ocidental, o símbolo da união é o uso de
alianças, na Índia, a noiva se casa carregada de jóias. O metal
utilizado nas cerimônias de casamento é sempre o ouro, que simboliza a
deusa Lakshmi. É sinônimo de pureza e abundância, sendo proibido o seu
uso nos pés. Quanto mais jóias, mais feliz será.

Há uma uma peça, no entanto, que só pode ser retirada no caso da morte
do marido. É o cordão de casamento, tecido com finas linhas de
algodão, tingidas de amarelo. Ao todo, são 108 – esse é um número de
sorte para os indianos – pedaços de linha trançados. Um pingente é
geralmente colocado no cordão para atrair ainda mais sorte.

Foto por Tejspics.